Aguarde...
Tribunal Regional do Trabalho - 9ªRegião

Tribunal Regional do Trabalho 9ª Região

Página gerada em: 22/12/2024 09:15:54

Projeto "Semeando a Língua Portuguesa" forma primeira turma de imigrantes em Curitiba

Notícia publicada em 16/12/2024
Foto da primeira turma do projeto, junto com as organizadoras do TRT-PR e da Casa do Migrante
As aulas foram realizadas no Salão Paroquial da Igreja de São Pedro, no bairro Umbará

A primeira turma do projeto “Semeando a Língua Portuguesa” concluiu o curso no dia 21 de novembro, quando foi realizada a última aula e a formatura dos 21 alunos que participaram da formação. A entrega dos certificados aconteceu no salão paroquial da Igreja de São Pedro, no bairro Umbará, em Curitiba, e contou com a presença das representantes do Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região (TRT-PR) e da Casa do Migrante Scalabrini, instituições responsáveis pelo projeto.

O curso “Semeando a Língua Portuguesa" teve como objetivos facilitar a integração de quem vem de fora do país junto à sociedade brasileira. Para isso, o projeto teve dois pilares: o primeiro é o ensino da Língua Portuguesa aos hispano-falantes. Para isso, a professora Carla Alessandra Cursino foi a responsável por 18 das 20 horas-aulas que compuseram o programa letivo (saiba mais aqui). O segundo pilar é a disseminação de noções básicas sobre a legislação trabalhista brasileira, com foco nos direitos, deveres e garantias que qualquer trabalhador tem, seja ele brasileiro, estrangeiro regular ou ainda irregular.

Os gestores regionais do Programa Nacional de Enfrentamento ao Trabalho Escravo e ao Tráfico de Pessoas e de Proteção ao Trabalho do Migrante são a juíza Patrícia Benetti Cravo e o desembargador Arion Mazurkevic. O Programa, que é executado no Estado do Paraná pelo TRT-PR, surgiu em 2023 por iniciativa do Tribunal Superior do Trabalho (TST) e se subdivide em diversas ações regionalizadas por todo o Brasil, como é o caso do curso “Semeando a Língua Portuguesa”.

A juíza Patrícia Benetti Cravo disse que, para os imigrantes, superar a barreira do idioma é a porta de entrada para o mercado de trabalho. “ A gente tem um grande fluxo de imigrantes no nosso país e uma das barreiras encontradas sempre é o acesso ao idioma. Nós pensamos nisso como uma facilidade de comunicação. É uma porta de entrada ao mercado de trabalho. O trabalho serve como fonte de alimento e é indispensável, principalmente para aquelas pessoas que vieram para um outro país procurar uma outra oportunidade. Essas pessoas normalmente se encontram em situação de vulnerabilidade, não têm recursos para investir em absolutamente nada. Então, a iniciativa de fazê-los compreender o português e se fazer entender é importante para que eles consigam ter o seu sustento. Foi isso que a gente pensou quando a gente idealizou esse projeto que faz parte desse programa nacional do TST”, revela.

Co-responsável pela organização do curso e pela primeira recepção de muitos estrangeiros, a Casa do Migrante Scalabrini é um lugar de acolhimento para as muitas famílias que chegam em Curitiba vindas de outros países, muitas vezes, sem nada além da esperança e da força de vontade. A Casa do Migrante do Umbará é vinculada à Pastoral do Migrante da Igreja Católica e faz parte de uma rede de apoio que conta com 27 unidades em todo o mundo, dando suporte para aqueles que buscam uma vida melhor em outros lugares.

Lucia Bamberg (esquerda) é coordenadora da Casa do Migrante Scalabrini em Curitiba, instituição que realiza
trabalho de acolhimento e encaminhamento de migrantes, imigrantes e mesmo refugiados, em diversos países

A coordenadora da Casa do Migrante Scalabrini do Umbará, Lucia Bamberg, trabalha com voluntários tanto do Brasil quanto de outros países. Ela conta que, no momento que os imigrantes chegam no bairro, é feito um cadastro para saber quem são e o que mais necessitam naquele momento de recomeço. As necessidades dos estrangeiros vão desde orientações sobre como fazer documentos até questões mais urgentes, como móveis e cestas básicas. “São inúmeros os atendimentos que a gente faz aqui na Casa do Migrante e a gente também procura sempre fazer eventos para as crianças em datas comemorativas e como também no Dia da Mulher ou Dia das Mães. Sempre buscamos alguma palestra com algum parceiro voluntário para falar sobre algum tema pertinente. São várias demandas em várias atividades. Temos várias situações e temos também um psicólogo que atende voluntariamente uma vez na semana na Casa do Migrante. Buscamos uma parceria também com advogados que têm muitas demandas nesse sentido, do jurídico. Temos uma frase muito conhecida por nós, que somos da congregação scalabriniana, que é uma frase que o nosso fundador, São João Batista Scalabrini, que diz ‘para o migrante, a pátria é a terra que lhe dá o pão’, afirmou.

A gestora nacional para a Região Sul do Programa de Enfrentamento ao Trabalho Escravo, ao Tráfico de Pessoas e de Proteção ao Trabalho do Migrante, juíza Angélica Candido Nogara Slomp, conta que o programa surgiu em 2023, por iniciativa do Tribunal Superior do Trabalho. “O TST editou uma publicação para que houvesse a apresentação de vários projetos pelos tribunais para que houvesse uma concretização dos objetivos do programa e o Paraná apresentou três projetos, sendo que um deles foi aprovado, assim como ocorreu nos demais tribunais. Cada tribunal teve apenas um projeto aprovado em razão de questões orçamentárias. Aqui no Paraná eu acompanhei de perto a execução desse projeto que foi o ‘Semeando a Língua Portuguesa’ junto aos gestores regionais, desembargador Arion Mazurkevic e juíza Patríca Benetti Cravo”, relatou.

A venezuelana Gloria Josefina Hidroso foi uma das alunas que recebeu o diploma do curso “Semeando a Língua Portuguesa”. Hoje ela é dona de casa e se dedica principalmente à criação dos cinco filhos, mas ainda se lembra com carinho do tempo em que seu marido tinha um pequeno supermercado na Ilha de Margarita, no caribe da Venezuela. Antes de Curitiba, Glória viveu em outras cidades do Brasil. Com propriedade, ela afirma que a capital do Paraná é uma das cidades mais caras para se viver, mas que compensa quando há emprego. “Eu acho que como em todo país temos pessoas boas, pessoas ruins, mas até agora eu não posso falar que tem sido vítima do preconceito. Tenho muita dificuldade com o idioma e o que acontece é que o idioma brasileiro tem um sotaque que para nós é muito complicado em muitas palavras, mas eu acho que com a prática tem algum tipo de melhoria, só que ainda não me acostumei ou não, como não me acostumo no clima de Curitiba que um dia ajuda e outro dia joga granizo, mas eu amo”, finaliza.

Texto: Pedro Macambira Filho / Ascom TRT-PR