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Tribunal Regional do Trabalho - 9ªRegião

Tribunal Regional do Trabalho 9ª Região

Página gerada em: 21/11/2024 23:08:20

"Semeando a Língua Portuguesa" ensina Português e noções de Direito do Trabalho a imigrantes

Notícia publicada em 21/11/2024
Fotografia de uma sala de aula com três grupos de pessoas sentados em cadeiras em frente a mesa escolares. Cada grupço tem cerca de sete pessoas. Ao fundo, uma parede tem uma colagem em formato de árvore.
As aulas acontecem no Salão Paroquial da Igreja de São Pedro,
no Bairro Umbará, em Curitiba.

Vinte e um trabalhadores imigrantes da Venezuela e de Cuba são os integrantes da primeira turma do projeto “Semeando a Língua Portuguesa”, que tem como objetivo ensinar o Português a falantes da língua espanhola. O curso é desenvolvido pelo Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região (TRT-PR) por meio do Programa de Enfrentamento ao Trabalho Escravo, ao Tráfico de Pessoas e de Proteção ao Trabalho do MigranteA proposta é a formação dos alunos em dez encontros e tem um total de 20 horas-aula ao todo. Semanalmente, os alunos se reúnem no Salão Paroquial da Igreja de São Pedro, no Bairro Umbará, em Curitiba. Lá, eles conhecem um pouco mais do idioma português, especialmente sobre as regras gramaticais e as diferenças de significados de palavras parecidas. Além disso, a turma também conhece um pouco sobre o ordenamento jurídico brasileiro, especialmente em questões relacionadas ao Direito do Trabalho.

As aulas de Português são ministradas pela professora Carla Alessandra Cursino, doutora em Estudos Linguísticos, e que ensina o vernáculo (a língua pátria) para imigrantes desde 2014. Quanto ao Direito do Trabalho, uma dos encontros é reservado para orientar sobre o tema. Nesta aula, as professoras serão as juízas do trabalho Angélica Cândido Nogara Slomp e Patricia Beneti Cravo, ambas do TRT-PR.

A professora Carla Cursino afirma que o conhecimento do idioma varia de acordo com o tempo de Brasil de cada aluno. Há alguns que aprenderam pela necessidade, no dia a dia, enquanto outros chegaram há pouco tempo e precisam de uma introdução à língua portuguesa. “A língua é um direito da pessoa que migra e que chega aqui ao Brasil. O objetivo desse curso é ajudá-los com a língua a transitar mais facilmente pela cidade, a acessar os seus direitos, direito à educação, ao trabalho, à moradia, lazer, direito à cidade de uma maneira geral. Esse é o objetivo”, revela.

É um dito comum no Brasil que a palavra “saudade” só existe na língua portuguesa. Para a turma do projeto Semeando a Língua Portuguesa, esse sentimento não requer praticamente nenhuma explicação, pois a saudade é antes de tudo uma companhia permanente que acompanha quem sai de seu torrão natal e vai buscar uma vida melhor em outro lugar.

Uma das alunas do curso é a venezuelana María Carolina Ferrer Dominguez, que veio ao Brasil em 2022. Formada em Contabilidade, na Venezuela ela era contadora pública, e aqui no Brasil trabalhou como voluntária na Casa do Migrante Scalabrini. “A vinda foi muito difícil porque meu pai e meus irmãos ficaram lá. Meu pai tem apenas um ano que consegui trazer para cá, mas lá tem minha irmã e tias, primos, muita família. Assim é bastante difícil deixar os amigos. É toda uma vida, mas graças a Deus em Brasília reencontrei essa vida que me anima”, comentou.

O também venezuelano Oscar Elier Zapata Diaz hoje atua como motorista de aplicativos. Na Venezuela, ele era funcionário da empresa estatal Petróleos de Venezuela (PDVSA), uma das maiores empresas petrolíferas do mundo. Oscar tem uma visão crítica do atual momento político vivido pelo seu país, ao mesmo tempo em que afirma que o Brasil é um país de tantas oportunidades que os brasileiros nem percebem. “O governo não estava dando apoio para aquelas pessoas não morrerem de fome. Então muita gente começou a vender seus carros lá. As pessoas começaram a aproveitar a necessidade do povo e comprar um carro pela metade do valor, casa pela metade do valor. A gente começou a vender tudo que eu tinha para comer. Eu tenho uma menina que naquele momento tinha 14 anos. Eu vi muitas meninas, já nessa idade, fazendo coisas erradas para tentar levar o sustento para sua casa. Eu não queria isso para a minha filha. Então eu cheguei no Brasil com a fronteira fechada para lá por causa da pandemia, mas a Polícia Militar e o Exército apoiavam todos nós. A República Federativa do Brasil foi o único país que acolheu com humanidade o povo venezuelano”, lembra.



Texto: Pedro Macambira Filho / Ascom TRT-PR