Juíza Ana Paula Saladini lança livro sobre o trabalho feminino de cuidado
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A juíza Ana Paula Sefrin Saladini lançou o livro “Trabalho Invisível de Cuidado – Pobreza de Tempo e Equidade de Gênero” (Ed. Venturoli). Na obra, a magistrada faz uma reflexão jurídica, econômica e social sobre a chamada tripla jornada de trabalho das mulheres, que repercute na vida profissional dessas trabalhadoras e na perpetuação da desigualdade de gênero. É uma análise da pobreza de tempo que elas têm, em razão do acúmulo de atividades, incluindo o trabalho invisível de cuidado não remunerado.
O livro foi lançado na quarta-feira, 11 de setembro, durante a 12ª Semana Institucional da Magistratura do Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região (TRT-PR), em Curitiba.
O trabalho invisível de cuidado não remunerado, que ocorre em casa, abrange desde o trabalho doméstico até a assistência a crianças e idosos. Essa atividade se sobrepõe à jornada de trabalho remunerada, resultando em uma sobrecarga de trabalho “que contribui para a dificuldade de as mulheres se colocarem e se manterem no mercado de trabalho”, explica a juíza Ana Paula Sefrin Saladini, que é titular da 1ª Vara do Trabalho de Londrina.
A Organização Internacional do Trabalho (OIT) informa que as mulheres realizam 76,2% de todo o trabalho de cuidado não remunerado no mundo, dedicando 3,2 vezes mais tempo a essas tarefas do que os homens. No Brasil, de acordo com o IBGE, as mulheres dedicam quase o dobro de tempo aos afazeres domésticos em comparação aos homens, com uma média de 21,3 horas semanais, contra 11,7 horas dos homens.
O livro, destaca a magistrada, analisa essas questões, buscando trazer algumas soluções para diminuir a discriminação de gênero no mercado de trabalho, como a implementação de políticas públicas que incentivem a conciliação, a corresponsabilidade e a coletivização.
As experiências pessoais e profissionais da autora contribuíram para a elaboração do livro. O seu período de maternidade e as responsabilidades familiares apresentaram-se como desafios para sua ascensão profissional. Desde os tempos de faculdade, quando foi desencorajada a seguir carreira pública por estar grávida, até os casos de discriminação vividos em sua carreira, conta a juíza.
Texto: Gilberto Bonk Junior / Ascom TRT-PR