Orquestra Ladies Ensemble faz apresentação exclusiva no evento Mulheres em Pauta, dia 10, no TRT-PR
A Orquestra Ladies Ensemble abrirá, com apresentação exclusiva, na sede do Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região (TRT-PR), em Curitiba, a jornada “Mulheres em Pauta”, no dia 10 de março (uma sexta-feira), a partir de 8h30. O encontro faz alusão ao Dia Internacional da Mulher, que ocorre na mesma semana, e tem como foco o feminino dentro de espaços de decisão e destaque social.
O repertório da orquestra, formada exclusivamente por mulheres, compreende peças clássicas da música erudita ocidental, composições brasileiras e obras de outras culturas, como a música do Levante Árabe (região mediterrânea composta por Palestina, Síria, Líbano, Egito e Jordânia) ou da Península Ibérica.
Fabiola Bach, diretora artística e violista da Ladies Ensemble, conta que a orquestra surgiu há 14 anos, como iniciativa inédita dentro da música brasileira. Atualmente, conta com 22 integrantes e é formada pelo naipe de cordas (piano incluso), percussão e qanun (instrumento do oriente próximo, derivado do antigo saltério e semelhante à cítara), além de convidadas e convidados.
A ideia da Ladies Ensemble surgiu após Fabíola concluir que, também no campo da música erudita, a ideia de meritocracia é uma falácia. Por experiência própria, ela observou que não basta ter talento e esforço para merecer um lugar de destaque em uma grande orquestra, pois, embora obtivesse as melhores notas nas audiências, sempre era preterida por músicos homens.
“O mundo da música erudita é muito difícil tanto para homens quanto para mulheres, mas para a mulher é mais ainda. Existe uma dificuldade social naturalizada das pessoas ao verem uma mulher em um lugar de chefia”, afirma.
O próprio nome da orquestra expressa a diversidade, já que a palavra “ensemble” significa mais que um conjunto ou uma banda musical. Em sua origem latina (insimul), significa partes distintas e complementares que formam um todo. Ladies Ensemble, portanto, traduz a diversidade de histórias de vida, de personalidades, e, claro, de musicalidades.
Mulheres na música
Na mitologia grega, a música era representada pela divindade feminina Euterpe (cujo nome significa “doadora de prazeres”), uma das nove musas, filhas de Zeus e de Mnemósine (Memória). “Música”, com efeito, é uma palavra feminina na maioria das línguas indo-europeias, como o alemão, o italiano e o próprio português.
Novas maestrinas
Fabiola Bach conta que um dos próximos passos da Ladies Ensemble é a formação de maestrinas na região de Curitiba, para a regência da própria Orquestra. Foram abertas inscrições para um Laboratório de Regência para Maestrinas, que será ministrado pelo maestro venezuelano Roberto Ramos já neste ano. “Para termos uma regente, temos que ter alguém que esteja aqui em Curitiba, o que ainda é uma dificuldade”, afirma.
Historicamente as mulheres sempre cantaram e tocaram seus instrumentos, mas sempre como uma profissão vedada e uma atividade restrita aos espaços domésticos, semelhante ao que ocorria com a arte culinária. No Brasil, Chiquinha Gonzaga se destacou não apenas pela qualidade e pela essência brasileira de suas composições, mas por ser a primeira mulher a se profissionalizar como musicista.
Na música erudita europeia não são raros os casos de irmãs e esposas de grandes músicos que tiveram a carreira barrada precocemente. Notório é o caso de Fanny Mendelssohn, irmã de Felix Mendelssohn, que compôs mais de 400 peças, mas foi desestimulada por sua família (inclusive o irmão famoso), que tinha vergonha das pretensões artísticas da musicista. Outro caso famoso é o de Clara Schumann, esposa de Robert Schumann, que se utilizava do nome do esposo para publicar suas composições.
Para quem tem a música como uma dimensão ampla na vida, fica sempre a pergunta sobre o potencial de Maria Anna Mozart, irmã cinco anos mais velha de Wolfgang Amadeus. Tão talentosa quanto o irmão, foi a primeira grande inspiração do gênio ainda menino, que a chamava carinhosamente de Nannerl. Embora se apresentasse com o irmão perante a nobreza europeia, ao completar 18 anos deixou os concertos, pois tal comportamento era mal visto pela sociedade da época.
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